PROJETO SEMEAR

PROJETO SEMEAR - RELATÓRIO DO COORDENADOR



1- INTRODUÇÃO



A partir do ano 2002, foram sistematizadas com o nome de PROJETO SEMEAR várias ações da ASPAN, atendendo o aporte de recursos financeiros oriundos de um acordo judicial. O Projeto previa metas e resultados. As tarefas não poderiam ser desenvolvidas apenas com as reuniões semanais e com as atividades espontâneas que se realizavam. Optou-se, então, por delegar funções a um coordenador dessas atividades. A coordenação, responsabilidade técnica e executiva coube a este relator. Os recursos que permitiram a cobertura de despesas de pessoal, aquisição de equipamentos e despesas de custeio foram repassados pela Diretoria da ASPAN, à medida que se desenvolvia o Projeto, o que se intensificou a partir de 2003. Os trabalhos iniciaram cautelosamente e aos poucos o Projeto SEMEAR foi ganhando forma e atingindo resultados além do previsto. Tanto assim que, terminada essa etapa, já é pensamento da ASPAN procurar novos apoiadores para que o Projeto SEMEAR tenha continuidade.

Ao longo dos anos de 2005 e até 30/11/2006, quando praticamente foi encerrado o Projeto SEMEAR, foram feitos alguns ajustamentos, especialmente no que se refere às entidades com as quais a ASPAN interagiu, com parcerias e no sub-projeto de EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Deu-se ênfase ao interesse demonstrado pelas instituições, que receberam não só palestras, mas oficinas com demonstrações práticas. Por isso, as entidades selecionadas diferem em parte daquelas previstas inicialmente. Escolas ocuparam o lugar das associações de moradores na maioria das vezes. Instituições militares locais 2º RCMEC e 1ªCompanhia de Engenharia mostraram interesse e formaram parcerias. A ACISB, ao longo do ano 2006, manteve parceria com a ASPAN o que permitirá levar avante boa parte das práticas do PROJETO SEMEAR. Da mesma forma a parceria com o 2º Regimento de Cavalaria Mecanizada, iniciada já no final do projeto SEMEAR, em Outubro de 2006 continua e tem perspectivas mais duradouras. Todas essas ações serão adiante descritas e acompanhadas de documentação fotográfica.

Entre as adaptações no decorrer do projeto ressalte-se o investimento em produção de material informativo com apoio da informática. Nesse sentido alguns recursos foram direcionados para aquisição de equipamentos como computador, impressora e serviços de Internet, que eram supridos pelos associados, de forma precária, daí a necessidade desses investimentos.

No tocante à aquisição de equipamentos, adquiriu-se, também, uma bicicleta do tipo para transporte e está sendo reformado um veículo VW 1300, ano 1984, doado pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento.

Em termos de educação ambiental, foi necessário ouvir a comunidade. A ASPAN foi seguidamente solicitada a manifestar-se sobre a poluição sonora. Esse tipo de poluição, nos últimos anos, tomou proporções alarmantes. Há todo um sistema de interesses envolvidos. De um lado o interesse de fabricantes de equipamentos de alta potência sonora que utilizam a mídia para aguçar o consumismo da população mais jovem principalmente. De outro as pessoas que se vêem prejudicadas na sua privacidade e saúde. As ações do PROJETO SEMEAR foram adaptadas para também contemplar essa nova realidade. Assim, em parceria com instituicões como OAB-Sub-seção São Borja, Rotary Clube, ATAPESB e pessoas interessadas foram feitas várias reuniões e decidiu-se pela elaboração de material educativo sobre o tema. O Projeto SEMEAR arcou com parte desses recursos. Foi produzido folder específico, tiragem de 20 mil exemplares, com distribuição por domicílio. Também foi produzido um CD sobre o tema e que já está sendo distribuído às instituições interessadas.

No decorrer desse relatório serão abordados os três eixos de atuação do PROJETO SEMEAR, denominados de sub-projetos. Haverá também uma avaliação dos seus resultados e relatório financeiro feito pela Tesouraria da entidade.



2- DOS SUB-PROJETOS

2.1- ARBORETO PARA MATRIZES

Este sub-projeto está em implantação na sede rural da ASPAN. Não tem prazo para ficar concluído. As ações do Projeto SEMEAR nessa área visaram dar continuidade aos trabalhos já em andamento.

Os recursos destinados foram principalmente para manutenção como roçadas, reforma de aramados, plantio e reposição de novas mudas e prevenção às queimadas com aceiramento. Como a área está localizada às margens de um corredor sujeito aos incêndios, é preciso manter faixas sem vegetação (aceiros) para que o fogo não atinja o conjunto.

O plantio já elevou o número de árvores plantadas para 310, sendo de 39 espécies diferentes. Na parte destinada à regeneração natural, observou-se primeiramente o estabelecimento da vegetação precursora como maria-mole (Senecio riograndense ), vassoura-branca (Baccharis dracunculifolia), entre outros. Agora, devido ao sombreamento inicial e à ação das aves, graxains, vento, etc outras espécies estão aparecendo. O que para alguns parece um bamburral sem finalidade produtiva, na verdade é uma regeneração da Natureza que sutilmente age através dos seus elementos, numa dinâmica que infelizmente muitos humanos já não percebem. Essas áreas são as que permitem a infiltração das águas, recarregando os aqüíferos e tornam-se refúgios a diversas espécies de animais.


Eng° Agr° Charles F. Kirinus em vistoria no arboreto da ASPAN (17 de Outubro de 2006)

O arboreto da ASPAN está ao lado do Sítio Itaperaju. Este Sítio já tem uma grande coleção de espécies de plantas arbustivas e arbóreas. É visitado por centenas de pessoas anualmente. Nessas visitas são percorridas trilhas temáticas, entre elas: uma área com pequeno banhado regenerado, área com espécies nativas, outra área com exóticas e nativas e uma grande variedade de frutíferas silvestres. Era uma área degradada na maior parte e hoje, além da flora, já abriga uma fauna bem diversificada. O Sítio Itaperajú, propriedade deste relator, foi outrora uma pequena chácara de produção de leite e hortaliças. Em função dos furtos de gado, tornou-se inviável financeiramente. Mas tornou-se, já a partir dos anos 1980, um refúgio ecológico e tem servido de base para inúmeros trabalhos na área da educação ambiental. Lá ocorrem muitos cursos, palestras, dias de campo, com auxílio de voluntários. Tudo num ambiente de simplicidade, assumido pelos ambientalistas e simpatizantes da causa. Nem empregado fixo tem, mas há uma vigilância coletiva, diluída nas ações dos que o ajudam de alguma forma.

A ASPAN não tem funcionário fixo para a conservação do arboreto. Esta é feita por trabalhadores autônomos remunerados por tarefa realizada, por voluntários, etc.



2.2- SUB-PROJETO VIVEIRO DE MUDAS

Este sub-projeto foi desenvolvido em duas frentes de atuação. Uma dessas ações visava desenvolver um viveiro de mudas de espécies florestais nativas dentro da FEPAGRO-Cereais. Foram deslocados recursos do PROJETO SEMEAR para aquisição de equipamentos (suportes metálicos, tubetes, ferramentas manuais, material de irrigação, etc). Haveria o aporte de mão-de-obra da FEPAGRO, já que a contratação de estagiário pela ASPAN era inviável, até por questões de deslocamento.

A prática mostrou a inviabilidade dessa unidade de produção de mudas, devido aos problemas de mão-de-obra. A própria FEPAGRO se ressente de funcionários. Trabalhos eventuais em viveiragem não funcionam. A falta de atenção por um ou dois dias, em termos de irrigação nas épocas mais críticas de demanda de água, pode botar a perder o trabalho de vários meses. Os poucos funcionários da FEPAGRO tinham que se concentrar nas atividades dos setores de pesquisa e ficava em segundo plano o viveiro de mudas, causando perdas.

Portanto, a unidade de produção de mudas na FEPAGRO-Cereais foi desativada e os equipamentos foram recolhidos pela ASPAN, com exceção da rede de água com canos de 2”. Essa rede deverá ser repassada à FEPAGRO, pois a retirada implicaria em grande mão-de-obra e danos ao equipamento. Além disso, dessa rede foi estendido ramal para a Escola Franco Baglione, dentro da própria sede da FEPAGRO. Em contrapartida a direção da FEPAGRO-Cereais se compromete a promover ações preventivas para evitar queimadas nas áreas comuns e lindeiras com a sede rural da ASPAN.

Em conjunto ASPAN, FEPAGRO e o Sítio Itaperaju pretendem manter estreita colaboração visando a preservação de áreas que podem funcionar como CORREDORES ECOLÓGICOS, permitindo, assim, a circulação dos animais silvestres que já se estabeleceram na região. Para citar um exemplo, são vários os bandos de bugios (Aloutta fusca) que existem nessas áreas.
Aspectos do Sítio Itaperaju:



















Embora a desativação do viveiro, por questões administrativas, haverá compensação com atividades conjuntas e de interesse mútuo na questão ambiental, numa parceria informal que já vem dando resultados.


3- VIVEIRO DE MUDAS NA UNIDADE SEDE


Este viveiro foi implantado em área cedida pelo coordenador do Projeto SEMEAR, pois de outra forma não seria viabilizado. Em parceria, foi cedida a infra-estrutura como galpão, captação de água, vigilância contra furtos, mão-de-obra para os tratos culturais, etc. Eventualmente, nos momentos de repicagem, foram utilizados os serviços de terceiros. No que se refere à água, esta oriunda de um poço-de-balde, foi calculado o gasto de energia do equipamento, visando reposição desses custos ao coordenador, conforme o projeto.

A meta de produzir 5000 mudas de espécies nativas e distribuí-las com orientação foi superada. No total, até 30 de novembro de 2006, foram repassadas à comunidade 5.587 mudas de espécies florestais nativas: jaboticaba (Myrciaria jaboticaba ou Plinia trunciflora), cerejeira (Eugenia involucrata), pitangueira (Eugenia uniflora), guabiroveira (Campomanesia xanthocarpa), grumixama (Eugenia brasiliensis), camboatá (Cupania vernalis), ingá-de-beira-de-rio (Inga uruguensis), ipê-roxo (Tabebuia avellanadae), canela-guaicá (Ocotea puberula), carvalinho, também conhecido como chá-de-bugre e porangaba(Casearia sylvestris). Desse total as frutíferas nativas representaram 4 mil mudas, conforme a proposta do projeto SEMEAR. Isto porque há uma necessidade de complementar a alimentação humana com vitaminas e sais minerais que essas plantas fornecem, além de sombreamento e princípios terapêuticos. Frutas com pigmentação vermelha e preta, por exemplo, tem ação anti-oxidante e combatem os chamados “radicais livres”. As folhas também tem aplicação na fitoterapia. As mudas distribuídas e plantadas foram monitoradas por amostragem e concluiu-se que 95% tiveram sucesso no plantio.

Muito desse sucesso se deve ao sistema de palestras e oficinas que foram realizadas, como se verá na parte relativa à educação ambiental.

Por outro lado, como saldo a mais, estão em formação mais 5mil mudas de espécies nativas diversas para o ano de 2007, já fora do período de abrangência desta edição do Projeto SEMEAR. Isto decorre do aproveitamento de material permanente e da parceria com o 2 º Regimento de Cavalaria Mecanizada que auxiliou na repicagem e preparação do substrato. Quanto aos demais tratos culturais e despesas com irrigação deverão ser supridos com a venda dessas mudas a um valor que cubra tais despesas. O coordenador do Projeto SEMEAR viu aprovada pela Diretoria da ASPAN a sugestão de produzir tais mudas numa espécie de “contrato de risco”, pois a demanda de nativas é muito variável e sujeita a prejuízos. A produção em escala maior também baixa o custo. Mas para isso é necessário investir em equipamento e mão-de-obra e haver demanda, sob pena de prejuízo financeiro. As mudas produzidas a partir das espécies que ocorrem na região são mais adaptadas ao nosso clima e solo daí a importância de um viveiro local com essa finalidade. Ainda que de pequeno porte como é o caso desse do Projeto SEMEAR

Busca-se, também, a sustentabilidade, pois no futuro a demanda poderá aumentar. Hoje sabidamente e por experiência pessoal deste relator, a produção local de mudas de espécies nativas é deficitária, pelo que já foi colocado. Deveria haver maior incentivo do Poder Público para tal, apoiando projetos como o SEMEAR.

Diante disso, este relator, nas oficinas e palestras, deu ênfase no repasse de conhecimentos sobre a produção de mudas. Com isso, mais pessoas poderão produzi-las, aproveitando as sementes e propágulos das árvores aqui ocorrentes. A ASPAN, então, poderá direcionar a produção para as espécies mais ameaçadas de extinção no contexto regional.


3.1- SUB PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Nessa atividade ocorreu uma adaptação ao longo da execução do projeto SEMEAR. Foram mudadas algumas estratégias. Ao serem contatadas as entidades que seriam parceiras-alvo, notou-se que algumas ações seriam prejudicadas pela falta de pessoas que servissem de multiplicadores. Essa é a realidade de algumas associações que tem o foco principal no lazer de fim de semana.

Buscou-se, então, contato com educandários que de alguma forma já haviam mostrado interesse nas questões ambientais, a partir dos seminários ambientais já realizados através da ASPAN e da Prefeitura, como foi o de 2004.

Não havia condições de contemplar a todos os interessados, até por limitações estruturais e humanas. No ano de 2006, as palestras nas escolas, foram substituídas por oficinas, com demonstrações práticas. Os alunos que fizeram parte nessas oficinas foram, quase sempre, selecionados pelo grau de interesse observado no educandário de origem. Formadas as turmas, a escola entrava em contato com este coordenador e se agendava a oficina. Os temas colocados foram trabalhados depois em sala de aula. Esse tipo de oficina-palestra, num cenário que já insere ações ambientais, facilita o trabalho e forma multiplicadores. O local para essas atividades foi estrategicamente escolhido e cedido por este relator, aproveitando e adaptando infra-estrutura existente. Foi montado um auditório ao ar livre. Dormentes dos antigos trilhos da ferrovia desativada São Borja-Bororé foram reaproveitados; juntamente com suportes de concreto feitos com sobras de construção formaram os bancos. Também pneus foram reaproveitados e formaram a base para os bancos em auditórios montados no Sítio Itaperaju. No chão, sob as árvores, as folhas que forram o solo melhoraram o entendimento da importância da cobertura vegetal. As folhas não são lixo: protegem o solo da ação das chuvas, mantêm a umidade e aumentam a porosidade do solo. Com isso melhora a infiltração das águas, diminuindo o escorrimento superficial. A decomposição das folhas repõe nutrientes e aumenta o teor de matéria orgânica. Nas árvores, as mais de setenta “casinhas” para nidificação das aves, inspiraram o reaproveitamento de materiais para a confecção desses ninhos. As turmas que participaram dessas oficinas, nos meses de Setembro a Novembro, foram brindadas com a revoada dos canários-da-terra, nessa época de procriação.

Aspectos do cenário das oficinas-palestras na sede do coordenador:























O Canário-da-terra (Sicalis flaveola) ao alto assistiu à palestra no seu camarote, feito com garrafa de PET. Nas fotos, exemplares machos, que dividem as tarefas com as fêmeas.

O aproveitamento da parte orgânica do “lixo” foi demonstrado no setor de compostagem. O preparo de substrato para germinação das sementes e os cuidados culturais foram vistos no próprio local. Igualmente o cenário se compõe de quase uma centena de espécies florestais produzindo frutas e ornamentação e as muitas espécies de aves e a sua relação com o ambiente foram observados nessas oficinas. Tudo isso dentro da cidade.
Estagiários do 2° RCMec: preparação de substrato e semeadura de sementes florestais em bandejas
































Como complementação, alguns grupos participaram de “dias de campo” no Sítio Itaperaju, oportunizando o conhecimento de ações na área de preservação e regeneração de vegetação ciliar, entre outras atividades.

A este coordenador do Projeto SEMEAR essa mudança de estratégia foi muito mais produtiva. A duração de cada oficina dessas foi, em média, de duas horas, havendo sempre que necessário, um intervalo. Em alguns casos as oficinas palestras atingiam duração de 4 horas.

Essa exposição dá a idéia exata do potencial que existe em trabalhos dessa natureza. A confecção da cartilha que foi prevista no projeto foi substituída em parte por essas atividades já referidas e pelos folhetos sobre poluição sonora e CD. Para o futuro, o material informativo será divulgado na forma mais prática possível, com abordagem que permita o “fazer alguma coisa”. Ás vezes o tema ambiental vira um modismo. Nas datas de desfile as palavras de ordem e as frases são anunciadas em cartazes e faixas. Outros materiais que consumiram energia, matéria prima e até dinheiro de quem já não tem vão para o lixo. A teoria é uma e a prática é outra. Já vi alunos distribuindo folhetos impressos em papel branco com mensagens pífias, conclamando às outras pessoas a “amarem a Natureza”. Natureza que nem elas sabem mais o que é, pois dela estão afastadas, para serem “educadas” num cenário hostil ao meio natural. Explico. Nos pátios de algumas escolas os pisos são todos lajotados. A poluição sonora campeia solta e se uma inofensiva e útil lagartixa aparecer por ali causa o maior alvoroço e talvez seja logo morta, confundida como “bicho perigoso”. Os prédios e os espaços físicos no entorno deveriam ser projetados para mudar essa realidade. Dispor espaços para reciclagem, compostagem, sistemas de captação de água das chuvas e energia solar; e pelo menos um local para arborização, sempre que possível. Todas as disciplinas podem interagir nesse processo. Evoluímos muito em alguns aspectos da educação, mas nos afastamos da Natureza, pois está se perdendo a noção do todo. Este é o problema causado pela fragmentação do conhecimento em “compartimentos científicos”. Há uma grande preocupação em montar “laboratórios” e o melhor de todos eles, um recanto natural, sequer é cogitado. É preciso que as ações se voltem para o “aprender fazendo”. Substituir a competição pela cooperação. Acabar com essa hipocrisia de que as pessoas vencedoras são aquelas bem sucedidas financeiramente, num jogo de vale tudo. Felizmente muitos educadores já lutam para mudar esse quadro. Educação ambiental se faz com bons exemplos, não com ostentação.

As atividades de oficinas-palestras extrapolaram os limites dos educandários tradicionais e foram solicitados por empresas e outras instituições. Assim a Santa Ignês Transportes, que implantou o Programa Ambiental Santa Ignês (PASI), enviou a maioria dos seus colaboradores, em três turmas, para participarem dessas oficinas, com ênfase na reciclagem. Funcionários da CORSAN e cursandos do SENAC também participaram. Da mesma forma 20 integrantes da Brigada Militar, recentemente admitidos em concurso público, participaram de oficinas do Projeto SEMEAR, coordenados pela tenente Marilene Alves da Cruz, chefe da PATRAM local.




Integrantes da PATRAM em visita ao Projeto Semear. No centro da foto Tenente Marilene Alves da Cruz

A participação de cada uma dessas entidades será referenciada neste relatório. Está sendo editado um CD, mais detalhado ainda, com todas as fotos das ações e seus atores, desde o ano de 2003 e que será oportunamente distribuído.



4- DOS RESULTADOS



4.1- IMPLANTAÇÃO DE VIVEIRO E DISTRIBUIÇÃO DE MUDAS DE ESPÉCIES NATIVAS

O viveiro implantado junto à área cedida pelo coordenador vem cumprindo os seus objetivos e poderá ser ampliado. Há potencial para elevar a produção para mais de 60 mil mudas de espécies florestais nativas/ano, dependendo da demanda e de recursos a serem captados e investidos.

A meta era produzir 5.000 mudas de nativas e distribuí-las com orientação. Foi superada com a distribuição de 5.587 mudas e mais outras cinco mil em preparo para 2007, já além dessa edição do Projeto SEMEAR.


4.2-CURSOS DE ARBORIZAÇÃO URBANA:

Duração: de 6 a 10 Horas, conforme o público-alvo.

Total de participantes: 605 em 8 edições, a partir do ano 2004, nos seguintes locais: Câmara Municipal, 1ªCompanhia de Combate Mecanizado (Engenharia), AMFRAGA (Bairro da Várzea), ASCOMVILCA (Vila Cabeleira), UERGS, Comunidade Luterana da Pirahy, Escola Estadual Tricentenário e Escola Municipal Onze de Junho. Algumas práticas foram realizadas no Sítio Itaperajú.


Coordenador do Projeto Semear, eng°agr° Darci Bergmann, ministrando o Curso de Arborização Urbana promovido pela UERGS- Campus São Borja – de 14 a 18 de Agosto de 2004


4.3- PALESTRAS SOBRE MEIO AMBIENTE

A partir do ano 2003 este relator fez 91 palestras em escolas e outras entidades. Nesse período outros municípios também foram contemplados com palestras: Santiago, Santo Antônio das Missões e Maçambará.

O público atingido foi superior a 6 mil pessoas, sendo mais de 500 ligadas ao magistério.



4.4-OFICINAS NA SEDE DO RELATOR

Essas oficinas com demonstrações práticas e constatação de experiências em reciclagem, compostagem e arborização foram realizadas, em sua maioria, no ano 2006 e atingiram um público superior a mil pessoas, dentre as seguintes instituições: Colégio Estadual Arneldo Matter, Colégio Estadual Tricentenário(integrantes da Patrulha Ambiental), Escola Municipal Olinto Dornelles, Escola Municipal Onze de Junho, Escola Municipal Sagrado Coração de Jesus, Centro de Formação Tereza Verzeri, Santa Ignes Transportes, CORSAN, SENAC, UERGS (oficina sobre compostagem), APAE, Albergue Criança Feliz, Maternal Pingo de Gente e Brigada Militar. Curiosamente, em 2006, muitas pessoas espontaneamente formaram grupos e fizeram “passeios ecológicos” no cenário montado para o PROJETO SEMEAR. Em torno de 600 pessoas fizeram essa “trilha urbana”, além das entidades já mencionadas. Isso se deveu em parte à repercussão do Projeto. Essas caminhadas foram mais rápidas, mas auxiliaram na sensibilização de muitas pessoas.

As oficinas foram agendadas com antecedência mínima de uma semana e algumas escolas selecionaram os alunos conforme o grau de interesse no assunto. Os temas voltaram a ser trabalhados em sala de aula pelos educadores. A abordagem de cada exposição variou conforme o público-alvo. A diferença de idade e o nível de conhecimento de cada grupo fez com que o conteúdo temático fosse adaptado para essa realidade. No caso de clientela escolar das séries iniciais, foi muito válida a participação dos educadores das escolas pelos seus conhecimentos pedagógicos e didáticos.

Algumas instituições não puderam ser contempladas devido a outros compromissos deste relator. Os associados da ASPAN, em sua maioria, desempenham outras atividades profissionais em tempo integral. A sobrevivência exige dedicação a essas atividades, às vezes sacrificadas para atender a militância ambientalista. Esse é um dos problemas estruturais da maioria das ONGs ambientalistas.



4.5- AUDIÊNCIAS PÚBLICAS, SEMINÁRIOS E FORUNS.

4.5-1- AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

Em 17/12/2003, em Itaqui, a ASPAN, manifestou-se em Audiência Pública da Reserva Biológica de São Donato, promovida pela SEMA-RS. A Reserva foi instituída pelo Decreto Estadual nº 23.798, de 12/03/1975. Até hoje não foi implantada. Em 03/10/1997, a juíza Drª Rosmari Girardi acolheu ação da ASPAN contra o Estado, mantida por unanimidade pelo Tribunal de Justiça do RS. A sentença determina a implantação definitiva da Reserva, mas o Estado alega “falta de recursos”. A implantação pode demorar, mas é irreversível, pois a Justiça já proferiu sentença que obriga o Estado do Rio Grande do Sul a efetivá-la.

Em 2006 a ASPAN se pronunciou em três audiências públicas, a saber: 1) Audiência Pública sobre a Localização da UNIPAMPA. Promoção: Câmara Municipal de São Borja; 2) Audiência Pública: Florestamento Comercial, Fábrica de Celulose e Meio Ambiente, em 25 de março de 2006. Promoção: Partido Socialista Brasileiro, Diretório de São Borja-RS; 3) Audiência Pública Sobre Poluição Sonora, na sede do Ministério Público Estadual em São Borja (14/09/2006).

4.5.2-SEMINÁRIOS E SIMILARES

1ªConferência Municipal de Meio Ambiente: 16, 17 e 18 de Dezembro de 2003. Promoção Prefeitura Municipal de São Borja e ASPAN.

2º SEMINÁRIO AMBIENTAL: 3, 4 e 5 de Junho de 2004. Promoção: Prefeitura Municipal de São Borja e ASPAN.

FEIRA INTERNACIONAL DE ECOLOGIA e MEIO AMBIENTE (FIEMA BRASIL), de 9 a 13 de Novembro de 2004-Bento Gonçalves-RS. Promoção: ABEPAN

OFICINA SOBRE RECURSOS PESQUEIROS: 16 a 18 de Julho de 2005, em Uruguaiana. Promoção: IBAMA

1º ENCONTRO das ONGs Ambientalistas dos Comitês de Bacias do RS- 1º de Setembro de 2005. Promoção: DRH (SEMA-RS), SMAM (POA) e APEDEMA-RS.

FORUM sobre Tabagismo- Fumo Passivo: Um Problema de Todos- Promoção Câmara de Vereadores de São Borja: 18 de Novembro de 2005





ASPAN participando do 1º Encontro das ONGs Ambientalistas dos Comitês de Bacias do RS com a SEMA – RS – 1º de Setembro de 2005 – Porto Alegre - RS



4.6- ARBORETO

Parte dos recursos do Projeto foram utilizados na sua implantação, conforme já mencionado e novas atividades deverão ser implementadas com outros recursos a serem obtidos oportunamente. As mudas se desenvolvem conforme o previsto e novos plantios serão efetuados nos próximos anos, formando um banco de sementes.

4.7- PARCERIAS E ATIVIDADES COM OUTRAS INSTITUIÇÔES.

4.7.1-PARCERIA COM A ACISB

A Associação Comercial, Industrial, de Prestação de Serviços e Agropecuária de São Borja repassa ajuda financeira mensal de R$ 300,00 para que a ASPAN possa desenvolver suas atividades. Esses recursos permitem cobrir despesas administrativas da entidade, liberando os associados para as tarefas de educação ambiental, como as do Projeto SEMEAR. A Diretoria da ACISB efetuou visitas à ASPAN e constatou “in loco” os trabalhos que vem sendo desenvolvidos.



4.7.2- PARCERIA COM O EXÉRCITO NACIONAL

4.7.2.1- 1ª CIA de COMBATE MECANIZADO

As relações com essa Companhia, também conhecida como “ENGENHARIA”, tiveram origem há muitos anos, quando um dos seus oficiais, o médico Solimar Silveira foi vice-presidente da ASPAN. Naquela oportunidade foram realizadas várias palestras aos militares. Chegou-se mesmo à produção de mudas de espécies florestais nativas nas dependências da Companhia. A arborização foi melhorada e os soldados levaram aos seus locais de origem informações importantes sobre a questão ambiental.





Palestra na 1ª Companhia de Combate Mecanizado. Agosto de 1991



Em 2006, o soldado Ivo Daniel Dietrich fez um breve estágio através do Projeto SEMEAR, com orientação deste relator. Também atuou no Sítio Itaperajú, na implantação de infra-estrutura para palestras. Um dos auditórios de pneus e dormentes foi por ele montado, com ajuda eventual de um dia de trabalhador autônomo. A coleta seletiva já é uma realidade dentro da 1ªCIA de Combate Mecanizado e outras ações poderão ser desenvolvidas. O Projeto SEMEAR cedeu mudas de frutíferas nativas, visando o plantio na área da Companhia de Engenharia.



4.7.2.2- 2º REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADA

Popularmente conhecido como Regimento João Manoel, participou, em Outubro de 2006, de ações no Projeto SEMEAR. Um cabo e sete soldados, em dias alternados, receberam informações e participaram de atividades ambientais. Um dos objetivos do estágio é a implantação da coleta seletiva de resíduos dentro do Regimento e o fomento à arborização e ajardinamento da área sede. Entre outras atividades, os militares do Regimento João Manoel auxiliaram na montagem dos auditórios, utilizando-se material reaproveitado. Esses auditórios foram importantes para a realização das oficinas e palestras, inclusive no Sítio Itaperajú, deste relator, que o colocou à disposição para as atividades de campo do Projeto SEMEAR. Os militares realizaram outras tarefas , como limpeza das trilhas, faixas isoladoras do fogo, apoio nas caminhadas, montagem de sanitários de campanha, etc. Os auditórios são estruturas que serão úteis por muitos anos. A parceria prevê outras ações que serão realizadas à medida do possível.



4.8- OUTRAS ATIVIDADES

A ASPAN empreendeu várias outras ações como a participação em congressos, seminários, exposições e orientação pessoal a quem procurasse a entidade. Centenas de pessoas, mensalmente, procuram a entidade para reclamarem de problemas ambientais, pois vêem na ASPAN uma espécie de “ouvidoria”. Quando notado o interesse difuso, isto é, aquele caso de degradação ambiental que assola várias pessoas e se torna ameaça mais grave, a ASPAN costuma contatar a fonte da qual emana o problema. Quase sempre tem sido atendida. Em alguns casos os problemas envolvem situações conflitantes e são encaminhados à PATRAM e ao Ministério Público.

A ASPAN tem igualmente representação no Conselho Municipal de Recuperação e Defesa do Meio Ambiente e se inscreveu para participar no Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica dos Rios Butuí e Icamaquã.

A nível estadual é integrante da APEDEMA-RS- Assembléia Permanente de Entidades Ambientalistas.


PROJETO SEMEAR EM NÚMEROS

Período de 2003 a 2006

Mudas de Espécies Arbóreas Nativas Distribuídas e Plantadas 5.587

Em Produção 5.000 mudas

Plantadas no Arboreto 310 (39 espécies)

Qualificação Pessoal e Educação Ambiental

a) Curso de Arborização 8 Edições

Participantes 605

b) Palestras na Comunidade e Região 91

Pessoas Atingidas 6.320

c) Oficinas-Palestras na Sede 36

Público Atingido 1.003 pessoas

d) Trilha Urbana (na Sede da ASPAN) 600 participantes

e) Educação Ambiental (Material Informativo sobre poluição sonora) 20.000 folhetos (“CHEGA DE BARULHO”)

Domicílios Alcançados 14.000

Público Estimado 55.000 pessoas




5- CONCLUSÃO



Voltando um pouco no tempo e revendo a trajetória de encontros, seminários, cursos, chego ao número de quase 600 palestras por mim proferidas, desde 1973. Nessas palestras foi atingido um público em torno de 40 mil pessoas, em mais de trinta municípios do Estado, Santa Catarina, Paraná, Brasília e cidades da Argentina. A maioria dessas palestras ocorreram em São Borja, especialmente a partir de 1977, quando, com apoio de O JORNAL, foi criada a campanha PLANTE UMA VIDA, PLANTE UMA ÁRVORE, depois transformada num projeto com o mesmo nome. As sementes iniciais vingaram e outras pessoas se juntaram na tarefa de formar um ONG ambientalista em 1987. Mesmo diante de dificuldades impostas pela visão imediatista, travestida como “progresso”, a ASPAN vem cumprindo importante papel. Sem ela, com certeza, a degradação ambiental no Município teria sido ainda maior. Não é possível omitir-se ante a inversão de valores que aniquila a Natureza em busca do lucro fácil, esbanjadora de recursos, consumista e comprometedora do futuro, muito além desta geração. Cumprida mais uma etapa de uma jornada que não pode parar. Uma simples atitude pessoal de inconformismo ante o descaso pode desencadear uma ação coletiva. Foi assim com aquela carta escrita em 1977 (Ver anexos).

Sempre foi proposta deste relator e dos que abraçaram a causa ambientalista encontrar outras opções de estilo de vida mais consentâneas com a Natureza. Palavras como PROGRESSO, CIÊNCIA, EMPREGO, TECNOLOGIA, entre outras, foram distorcidas por conceituações imediatistas e insustentáveis. Na verdade acobertaram o extermínio de ecossistemas inteiros. Hoje todos são igualmente vítimas em potencial diante da calamidade climática que já se faz sentir. A Natureza fará os seus ajustes e a espécie humana pagará preço alto por essa tarefa. Por isso que ações individuais ou coletivas são importantes para reduzir os impactos causados por uma espécie que aumenta sua prole e não tem ainda idéia dos seus limites.

Nesse contexto, ações como o PROJETO SEMEAR são importantes. Os animais, os ventos e as águas disseminam as sementes das árvores e algumas delas germinam, transformando-se em frondosas árvores. Assim como as sementes das plantas, renasce a esperança de que as sementes lançadas pelo Projeto SEMEAR possam encontrar terreno propício e germinarem em novas ações.

Ao findar esse Relatório e que submeto à apreciação da Diretoria para exarar parecer, tenho a convicção de que as metas do Projeto SEMEAR foram alcançadas e superadas. Valeu muito a experiência pessoal de mais de trinta anos de militância ambientalista, com o incentivo inicial do saudoso mestre José Antônio Lutzenberger.

Importantes foram os companheiros da ASPAN que me delegaram a sistematização do Projeto SEMEAR e a sua execução, dando-me toda a liberdade de ação para que os objetivos fossem alcançados. A eles meus agradecimentos e também às entidades parceiras ACISB, 1ªCompanhia de Combate Mecanizado e 2ºRegimento de Cavalaria Mecanizado.

Agradeço à Fundação Francisco e ao Humberto Mafra, de Brasília.

Sou grato à Revista NATUREZA, que em 1998 premiou o Projeto Plante Uma Vida, Plante Uma Árvore, através da votação dos leitores. Criou-se um grande círculo de amigos por todo o Brasil. Até hoje ainda chegam mensagens, num intercâmbio de idéias que semeiam novos projetos de amor à Natureza.

O relatório financeiro ficou a cargo do Tesoureiro Jones Dal Magro Pinto. Nos anexos estão outras informações e está em preparo um DVD com centenas de fotos e matérias que marcaram a trajetória da ASPAN, comemorativo aos 20 anos da entidade.

A experiência com o Projeto SEMEAR também resultou em novas sugestões que serão arroladas, visando a continuidade dos trabalhos. Os ambientalistas de fato são abnegados, mas algumas atividades necessitam a profissionalização para que seja bem aproveitado o potencial de ações da entidade. Nesse sentido, indivíduos, poderes constituídos, organizações empresariais e outras devem ser convidados para novas parcerias. Os problemas ambientais já são por todos conhecidos. Agora é preciso o cumprimento da legislação que está aí, tida como uma das melhores, mas negligenciada por quem mais deveria zelar por ela, o Estado, nos seus três níveis de competência. É hora de parar com as conceituações teóricas sobre ecologia e discussões científicas secundárias ou discursos inflamados negados pela prática. O momento presente é delicado e precisa de ações rápidas. Todos são convocados para a restauração planetária

Cada pessoa tem o poder de mudar as coisas, começando pelas ações do cotidiano. Não adianta ser “doutor” e não ser capaz de separar o lixo orgânico do lixo seco. Ou, sendo dirigente de alguma organização, não se motivar a propor ações como a reciclagem do lixo dentro da entidade; ou deixar de propor a substituição do papel branco por outro não branqueado à base de cloro, formador da terrível dioxina. De que adiantam programas de qualidade total se não se respeita o consumidor e à comunidade, promovendo propaganda ruidosa em que nem as crianças e idosos podem ter sossego. Não adianta falar em “amor à cidade” quando se a conspurca com painéis que agridem a estética; ou quando se removem as árvores das ruas para que a fachada da loja apareça. São exemplos de posturas ambientais, mas que devem merecer atenção de empresas e pessoas sérias e comprometidas com a verdadeira qualidade de vida. Felizmente muitas pessoas e organizações já se deram conta de que são necessárias ações concretas voltadas à preservação ambiental. A essas pessoas fica o apelo deste relator para que iniciem campanhas nos seus círculos de relacionamento. Podem apoiar também ONGs, como a ASPAN, visando a continuidade de projetos ambientais. Qualquer iniciativa é melhor que a omissão. Há muito para fazer. A NATUREZA, da qual somos parte integrante, agradece. Muito obrigado a todos aqueles que compreenderam e incentivaram, de alguma forma, mais esta jornada.



São Borja, 03 de Fevereiro de 2007



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Engº AgrºDarci Bergmann

Coordenador do Projeto Semear